segunda-feira, 4 de julho de 2011

Entendendo a Ira
A ira é um movimento desordenado da natureza pecaminosa do homem, que o leva a rejeitar com violência tudo aquilo que o desagrada, e a vingar as ofensas reais ou imaginárias. É uma das muitas manifestações do pecado. É o “estado da alma”. David Kornfield diz que a ira é o desejo ardente de atacar, corrigir ou destruir algo ou alguém que nos incomoda ou nos ameaça. Como cristãos, precisamos conhecer bem mais esse gigante da alma.
A verdade sobre a ira
A ira é claramente um atributo de Deus e uma experiência comum aos seres humanos, provavelmente de modo universal. Esta ira divina é vigorosa, intensa, consistente, controlada e, invariavelmente, uma expressão de indignação perante a injustiça. É necessário compreender a ira divina, caso desejemos entender a ira humana.
A Bíblia jamais crítica a ira de Deus, mas faz repetidas advertências contra a ira humana. Isto não é evidência de um duplo padrão. A ira contra a injustiça é reta e boa, tanto em Deus como nos seres humanos. Pelo fato de Deus ser sábio, soberano, poderoso, perfeito e onisciente, Ele jamais interpreta mal uma situação, jamais se sente ameaçado, não perde nunca o controle e fica sempre irado com o pecado e a injustiça.
Em contraste, nós humanos interpretamos mal as circunstâncias, cometemos erros de julgamento, reagimos na hora, quando nos sentimos ameaçados ou feridos e, às vezes, respondemos com atos de vingança e represália. Como resultado, a ira humana pode ser prejudicial e perigosa. Ela fornece uma brecha para Satanás, e somos advertidos a esse respeito: “Irai-vos, e não pequeis; não ponha o sol sobre a vossa ira”, Ef 4: 26. Com base nessa e noutras passagens bíblicas semelhantes, temos possibilidades de chegar a várias conclusões sobre a ira humana.
 A ira humana é normal. Os seres humanos, criados à imagem de Deus, possuem emoções, inclusive a ira. Essa ira é uma reação necessária e útil, como aconteceu com Jesus, não sendo pecaminosa em si mesma. Paulo endossa essa posição: “Irai-vos e não pequeis...”, Ef 4: 26.
É lícito irar-se. Não devemos, no entanto, confundir a raiva, como outras disposições do coração, como o ressentimento, o ódio, a amargura, o senso de vingança. “Não se ponha o sol sobre a vossa ira” são as palavras com as quais o apóstolo completa o seu conselho, e não podemos esquecê-las.
Um alimento pode ser muito saboroso, mas se o deixarmos fora da geladeira por muito tempo, ele se estragará e envenenará quem o comer. Da mesma maneira, a raiva estagnada, a mágoa rancorosa, a ira sobre a qual o sol se põe nos envenenam. Precisamos encarar nossa ira e resolvê-la, antes que, abafada pela censura ou insuflada pelo orgulho, se transforme em rancor.
David Seamands diz que a raiva é uma emoção colocada por Deus no coração humano, e é parte da imagem de Deus no homem, para ser utilizada com fins construtivos.
 A ira humana pode ser prejudicial. Da mesma forma que outras emoções, a ira pode ser destrutiva caso não seja manifestada de acordo com as diretrizes bíblicas, Ef 4: 26-29. Este texto torna muito claro que entristecemos o Espírito Santo através do amargor, indignação, cólera, gritos, injúrias e malícias, que são a hostilidade da alma.
Paulo, aos Gálatas 5: 20, coloca a ira, a dissensão e a indignação na mesma categoria dos crimes da embriaguês e das orgias dizendo: “eu vos previno, como já fiz, aqueles que praticam isso não herdarão o reino de Deus”.
A ira humana facilmente se torna pecaminosa. Quando começamos a defender nosso Ego, quando atacamos alguém ao invés de atacar o erro dele, quando a chama da ira é alimentada, ela se torna um fogo que destrói. Como dizem por aí: “Depois que o sangue sobe para a cabeça...”.
O alto preço da ira
O Salmo 37:8 diz: “deixa a ira e abandona o furor; não te impacientes; certamente isto acabará mal”. Três coisas acontecem durante um ataque de ira:
a. Alguns órgãos do corpo recebem mais sangue do que o necessário, enquanto outras partes sofrem deficiência do sangue. O cérebro, por exemplo: recebe grande quantidade de sangue, muito além do que necessita. Então fica comprimido, apertado dentro do crânio, provocando grande dor de cabeça. Outros órgãos recebem pouco sangue, causando grandes desarranjos. O estômago, por exemplo, fica com pouco sangue, seus músculos ficam tensos, provocando congestões, úlceras e outros males.
b. Algumas glândulas, durante um ataque de ira, produzem mais substâncias do que o necessário, lançando-as no organismo, especialmente no sangue, provocando manchas vermelhas no corpo.
c. A tensão muscular fica alterada, isto é, fica esticada como corda de violão. A ira pode levar a pessoa a um estado crônico de nervosismo e até a loucura.
Após um ataque de ira é comum a tristeza e a depressão. Grandes somas de dinheiro têm sido gastas com estes desajustes emocionais. Milhares de lares são desfeitos, muitas inimizades, brigas, crimes, prisões têm como motivo a ira. A raiva e o sentimento de amargura causam elevada tensão, a qual, por sua vez, produz o desequilíbrio físico.
O Dr. Martin Podovani (“Curando as Emoções Feridas”) afirma que, se a raiva oculta não for trazida à superfície e analisada, ressurgirá de alguma outra maneira. Aparece frequentemente sob a forma de um problema psicológico, físico ou psicossomático.
Muitas pessoas falam com frequência sobre seus males físicos como colite, dor no peito, perda de cabelo, dor de cabeça, úlcera. Mas o verdadeiro problema dessas pessoas pode ser a raiva com que deixaram de lidar, a raiva que foi sufocada, reprimida, evitada. Uma das principais causas associadas a alguns distúrbios mentais que envolvem rompimento com a vida e a realidade é a raiva não admitida ou examinada.
 Considerações finais
Se, de alguma forma, estes problemas lhe afetam, lembre-se de que Deus poderá ajudá-lo a se libertar deste sentimento que lhe está afligindo e destruindo você aos poucos. Jesus quer morar em seu coração. Entregue sua vida a Cristo. Ele vai ajudá-lo a produzir os frutos do Espírito Santo. Comece uma vida de louvor a Deus, só assim será vitorioso. 
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José Gomes de Freitas é pastor da IPRB desde 04/08/1985.
Pastoreia a 1ª IPR de Fortaleza, CE.
Artigo publicado no Jornal Aleluia, edição 326, dezembro de 2007, p. 08 
Inserido no site em 06/02/2008

 
   


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