sexta-feira, 24 de junho de 2011

TEXTO: SALMOS 104:30
ESPÍRITO SANTO
INTRODUÇÃO.
         A doutrina do Espírito Santo é básica na revelação do novo testamento e fundamental na vida do homem que nasceu de novo e experimentou a vida de Deus em seu Espírito. Infelizmente,  alguns aspectos da doutrina, especialmente aqueles relacionados com a experiência prática do cristão, tem servido de motivo para discórdia e até sisões no meio do arraial do povo de Deus. É preciso interpretar a verdade acerca do Espírito Santo a luz do ensino claro e uniforme da palavra de Deus, com humildade e dependência dele mesmo, procurando diligentemente guardar a unidade do espírito, no vínculo da paz (Ef 4:3). O nosso objetivo é oferecer ao povo de Deus algumas orientações importantes, sobre a pessoa e obra do Espírito Santo. Creio que a igreja do Senhor será profundamente edificada através do estudo criterioso a respeito da terceira pessoa da trindade. Pretendo  apresentar neste  trabalho as seguintes coisas:
         A DIVINDADE DO ESPÍRITO SANTO.
        I       O ESPÍRITO SANTO É DEUS PORQUE SUA NATUREZA É DIVINA.
A natureza básica essencial da divindade é espírito. Em João 4:24 Jesus fala da natureza essencial de Deus, e afirma que Deus é espírito, e o Espírito Santo é o Espírito de Deus, e conseqüentemente tem a mesma natureza divina, portanto, podemos afirmar que ele é da mesma substância essencial da divindade.
Os arianos, no quarto século, negaram a divindade de Jesus Cristo e do Espírito Santo. Segundo eles, o Filho é primeira criatura do pai, e o Espírito Santo é a primeira criatura do filho. A igualdade essencial do Filho e do Espírito com o pai foi sacrificada a fim de conservar a unidade divina.
         Para combater o arianismo,  realizou-se o Concílio de Nicéia, em 325 d.C. o Concílio foi um acontecimento impressionante, um dos grandes marcos da vida da Igreja. Acorreram Bispos da Ásia Menor, Palestina, Egito, Síria, e até Bispos de fora do Império Romano, ou seja, de todos os lugares onde a Cristandade tinha se estabelecido com vigor, como a longínqua Índia e a Mesopotâmia, além de delegados da África do Norte. O Papa Silvestre, Bispo de Roma que já estava ancião e impossibilitado de comparecer pessoalmente, mandara dois presbíteros como seus delegados. Estiveram presentes ao Concílio 320 Bispos, mais grande número de presbíteros, diáconos e leigos. Por maioria quase absoluta (apenas dois Bispos não quiseram firmar a resolução final) foi redigido o Credo de Nicéia que confirmava a verdade em que a Cristandade unida, à exceção dos seguidores de Ário, sempre acreditara: Jesus Cristo, Deus Encarnado, é ponto fundamental do Cristianismo. O próprio Credo, a seguir, estabeleceria o conteúdo da fé da Igreja. Ali ficou decidido que o Filho é da mesma essência daí Pai (co-essencial com o Pai). Atanásio (c.295-373), um dos principais opositores de Ário, declarou: “Existe então uma Trindade, santa e completa, que confessamos como Deus em [as pessoas do] Pai, Filho e Espírito Santo, o qual não contém nada estranho ou externo mesclado com sigo mesmo, nem é composto de um que cria e outro que foi criado, pois todos são criadores; possui uma só essência, em sua natureza divisível, sendo sua atividade una. O Pai faz tudo através do Verbo [e] no Espírito. Logo, a unidade do Santo Triúno é preservada. Assim, um só Deus é pregado na Igreja, “o qual é sobre todos (Ef 4.6), age por meio de todos e está em todos”... É uma Trindade não apenas no nome e na maneira de falar, mais em verdade e realidade”. Veja como ficou redigido o credo de Nicéia:

O Credo de Nicéia

O Sínodo de Nicéia firmou este Credo:

«Cremos em um só Deus, Pai Todo-Poderoso, 
criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis.
E em um só Senhor Jesus Cristo, 
o Filho de Deus, 
unigênito do Pai, 
da substância do Pai; 
Luz de Luz, 
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, 
gerado, não criado, 
consubstancial ao Pai; 
por quem foram criadas todas as coisas que estão no céu ou na terra.
O qual por nós homens e para nossa salvação, desceu (do céu), 
se encarnou e se fez homem.
Padeceu e ao terceiro dia ressuscitou e subiu ao céu.
Ele virá novamente para julgar os vivos e os mortos.
E (cremos) no Espírito Santo.
E quem quer que diga que houve um tempo em que o Filho de Deus não existia,
ou que antes que fosse gerado ele não existia, 
ou que ele foi criado daquilo que não existia,
ou que ele é de uma substância ou essência diferente (do Pai), 
ou que ele é uma criatura, 
ou sujeito à mudança ou transformação, 
todos os que falem assim, 
são anatematizados pela Igreja Católica e Apostólica.»
                Você não gostaria de discutir com a classe alguns pontos importantes sobre o credo de Nicéia?


II.      ELE É DEUS PORQUE ESTAVA PRESENTE NA CRIAÇÃO.
        Ele tirou as coisas do nada, do vazio, e do vazio fez o universo (Gn 1:1-2).
O Espírito é a pessoa divina por meio da qual Deus Pai infunde a vida, conserva, renova e conduz à realização. - No Antigo Testamento, Deus cria por meio da Sua Palavra (O Verbo, o Cristo), mas o seu “Sopro” (Espírito Santo) será o protagonista da criação. Veja Gn 1.7.16.25.26: O espírito santo é a Pessoa divina por meio da qual Deus Pai infunde em nós a vida.
Os cristãos dos primeiros séculos foram particularmente sensíveis a esta verdade. Ambrósio afirma que a Escritura “não somente ensinou que sem o Espírito nenhuma criatura pode perdurar, mas também que o Espírito é o criador de toda criatura. E quem poderia negar que seja obra do Espírito Santo a criação da terra, se é obra do Espírito a sua renovação?”.  Atanásio diz que “todo o bem desce do Pai, por meio do Filho, e chega até nós no Espírito Santo”
.A afirmação de que tudo foi criado no Espírito significa que toda a criação está marcada pela bondade divina. Geralmente se afirma que Deus criou todos os seres com um ato livre e amoroso de Sua vontade. A Criação é o transbordamento livre e gratuito da eterna dinâmica de Amor entre o Pai e o Filho, cujo laço é o Espírito Santo. Assim, como não poderia ser o Espírito Santo, o doador da Vida, se é Ele mesmo esta vida?
 O Espírito Santo não é somente a testemunha direta do recíproco amor entre o Pai e o Filho, do qual deriva toda a obra da Criação, mas é Ele próprio esse Amor. Ambrósio afirma que não somente o Espírito colabora com o Pai e o Filho na criação do mundo, mas é Aquele que, como um artista divino, põe ordem no mundo, tornando-o belo. Os primeiros exegetas e escritores da Igreja viam o mundo como um sacramento, sinal vivo e que remete àquele que o criou e sustenta. Basílio afirma: “Quero despertar em ti uma profunda admiração pela criação, a fim de que em todo lugar, contemplando as plantas e as flores, sejas tomado por uma viva lembrança do Criador.
 Assim é que, para a tradição da Igreja, devemos contemplar o mundo com os sentidos espirituais, superando a exterioridade das coisas para aí se descobrir Deus, e o Seu desígnio de amor para nós. É necessário readquirir o coração puro, para vislumbrar na natureza a providência divina feita de amor e sabedoria.

         O verso dois do primeiro capitulo de Genesis, apresenta um quadro de calamidade, de caos, de trevas, de melancolia, mas em meio a essa situação calamitosa, eis que surge uma cena maravilhosa. O Espírito de Deus  pairava sobre a face das águas. Ou seja, o Espírito se manifesta incubando sobre as águas, chocando-as, dando vida ao universo. E de repente, surge à beleza, a limpeza, a abundância, a vida. Tudo foi criado pelo poder do Espírito Santo.  – “O Espírito de Deus me fez, e a inspiração  do Todo-Poderoso me deu vida”.

III.    ELE É O PRESERVADOR DA VIDA POR ISSO É DEUS. 
          Em Jó 34:14,15 encontramos uma das mais belas e significativas afirmações bíblicas a esse respeito: “Se ele pusesse o seu coração contra o homem, e recolhesse para si o seu espírito e o seu fôlego. Toda a carne juntamente expiraria, e o homem voltaria para o pó” O que o texto está dizendo é que quem energiza, quem sustenta toda vida,  quem mantém os corações latejando, o sangue correndo; quem preserva a fotossíntese dos vegetais; enfim, quem mantém vivo tudo que tem vida em todo o universo, é o Espírito de Deus.
 Como este ser onisciente e cheio de graça criou todas as coisas, assim Ele sustenta todas as coisas. Ele é o preservador bem como o criador de todas as coisas que existem. “Ele sustenta todas as coisas pela palavra do seu poder,” isto é, pela sua poderosa palavra.
É lógico que Ele conhece todas as coisas que fez e todas as coisas que preserva de momento a momento; do contrário Ele não poderia preservá-las nem continuar a dar-lhes o ser que lhes tinha dado. Não é estranho que aquele que é onipresente, que “enche o céu e a terra,” que está em todo lugar, veja o que está em todo lugar onde Ele está intimamente presente.
 Se os olhos dos homens podem discernir as coisas a uma pequena distância, os da águia podem fazê-lo a uma distância maior; os de um anjo o que está a uma distância mil vezes maior, talvez possam ver toda a superfície da terra de uma vez; como não verá o olho de Deus todas as coisas através de toda a extensão da criação? Consideremos especialmente que nada está distante daquele em quem “nós vivemos, nos movemos e temos nosso ser.”
 O Salmo 104:5-30  afirma que o Espírito Santo continua atuando hoje na perspectiva da renovação da natureza e do cosmos. Deus não apenas criou, mas continua mantendo, renovando e criando dentro da criação. O texto se refere a preservação da vida, dizendo que Deus prossegue mantendo-a através do envio do seu Espírito.

IV. ELE É DEUS PORQUE POSSUI ATRIBUTOS DIVINOS.
         A palavra  atributo, vem do latim ad, para, e tribuere, atribuir, ou seja, aquilo que é atribuído a alguma coisa. Na teologia cristã, o termo veio a ser usado para indicar aquelas qualidades ou propriedades atribuídas a Deus, como parte de sua natureza.
         Champlin, em  sua enciclopédia de Bíblia, teologia e filosofia, apresenta algumas definições de célebres filósofos e teólogos
1.                Para Aristóteles, “o mundo divide-se em substâncias individuais e atributos dessas substâncias. Os atributos são aquelas características predicáveis à substância, seguindo as categorias de tempo, lugar, relação, espaço, posição, estados ativo ou passivos, etc.”
2.                Para Tomás de Aquino, e também no escolasticismo, isso “envolvia uma adaptação das idéias aristotelianas, com elementos transcendentais adicionais, com o único, o verdadeiro, o bom atributo de tudo, e especialmente, no caso de Deus.”
3.                Para Spinoza, “os atributos, são aquelas características que constituem a essência.”
4.                Na teologia, os atributos de Deus, podem ser definidos como aquelas características que distinguem a natureza divina, inseparáveis da idéia de Deus, e que constituem a base e a razão de suas diferentes manifestações as suas criaturas.  
ATRIBUTOS DO ESPIRITO SANTO 
Há três atributos pertencentes à deidade de cada uma das pessoas da Trindade que são: Onipotência, Onisciência e Onipresença. Estes atributos não foram conferidos a anjos nem aos homens.

a) Onipotência

Por onipotência se entende que todo o poder que há no Universo físico ou espiritual, tem sua origem em Deus.
O poder do Pai é o mesmo existente no Filho e no Espírito Santo. Então em sua onipotência, o Espírito Santo faz o que lhe apraz, realizando milagres e prodígios (Rm 15.19 por força de sinais e prodígios, pelo poder do Espírito Santo; de maneira que, desde Jerusalém e circunvizinhanças até ao Ilírico, tenho divulgado o evangelho de Cristo).

b) Onisciência

Onisciência vem de duas palavras latinas: "OMINES" que significa TUDO e "SCIENTIA" que quer dizer CIÊNCIA. O Espírito Santo, do mesmo modo que o Pai e o Filho, tem total conhecimento de todas as coisas. Sua sabedoria é infinita, singular e indescritível. Ele sabe tudo acerca de si mesmo e do que criou Sl 139.2,11,13 (SENHOR, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me assento e quando me levanto; de longe penetras os meus pensamentos. Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar e conheces todos os meus caminhos. Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu, SENHOR, já a conheces toda). Conhece os homens profundamente 1 Rs 8.39 (ouve tu nos céus, lugar da tua habitação, perdoa, age e dá a cada um segundo todos os seus caminhos, já que lhe conheces o coração, porque tu, só tu, és conhecedor do coração de todos os filhos dos homens;).
Ninguém pode esconder dele coisa alguma. Nem um só pensamento nosso passa despercebido do Espírito Santo Jr 16.17 (Porque os meus olhos estão sobre todos os seus caminhos; ninguém se esconde diante de mim, nem se encobre a sua iniqüidade aos meus olhos).

c) Onipresença

O Espírito Santo penetra em todas as coisas e perscruta o nosso entendimento, pois ele está presente em toda a parte. Ele não se divide em várias manifestações, porque sua presença é total em cada lugar onde estiver: Sl 139.7-10 ( Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá.
d) Imutabilidade.

 Ela é própria do Espírito Santo. Significa que Ele está livre de toda mudança (Ml 3.6).
Tudo o que se diz a respeito dele, como Deus Espírito, é perfeito e imutável. Este atributo não é exclusivo de uma pessoa da Trindade, mas pertencem as três (Rm 1.23; Hb 1.1
e) Eternidade
 .
 Ela é um atributo intrínseco na divindade (Hb 9.14). Por isso, o autor da Carta aos Hebreus identifica o Espírito Santo como “o Espírito Eterno”.
Ele transcende a todas as limitações temporais. Dois outros termos ligados à eternidade ilustram e aclaram ainda mais este atributo.
O Espírito Santo é infinito e imenso. Por infinidade, entende-se que sua existência não tem fim. Nada confina o Espírito Santo no espaço, nem o retém no tempo. Por imensidade, compreende-se que o Espírito é total, pleno e completo. Ele não se divide, mas pode estar presente em toda parte com todo o seu Ser (Sl 139.7-12).
Notem isto: os anjos são espíritos criados sem corpos materiais, mas nem por isso estão em todo o lugar ao mesmo tempo. Os homens são espíritos corporalizados e, portanto, limitados no espaço. Nem aos anjos e nem aos homens lhes é atribuída à qualidade divina da “imensidade”. A plenitude pertence, de fato, única e exclusivamente à divindade (Sl 97.1-12).
     V. O ESPÍRITO SANTO É DEUS PORQUE POSSUI NOMES DIVINOS.
           Ele é chamado Espírito de Deus (I Co 3:16)
        Espírito do Senhor (I Is 11:2)
        O Espírito do Deus vivente ( II. Co 3:3)
        O Espírito de Cristo  (Rm 8:9)
        O Espírito de vida (Rm 8:2)
        O Espirito de adoção (Rm 8:15).

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